Pioneiros da inteligência artificial são laureados com o Nobel de Física

A comunidade científica internacional está celebrando a conquista histórica de dois pesquisadores que desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento da inteligência artificial (IA). O norte-americano John Hopfield e o britânico Geoffrey Hinton foram laureados com o Nobel de Física de 2024 por suas contribuições inovadoras na área da inteligência artificial.

Hopfield, físico teórico com forte interesse na biologia molecular, formulou no início da década de 1980 um tipo de rede que conseguia criar uma memória associativa capaz de armazenar e reconstruir padrões de informação. Sua contribuição, feita quando estava no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), ficou conhecida como rede ou modelo de Hopfield. Trata-se de uma estrutura que imita o funcionamento dos neurônios, as células cerebrais que trocam sinais químicos ou elétricos entre si por meio de sinapses.

Hinton, por sua vez, usou o modelo de Hopfield para dar um passo além, ainda nos anos 1980. Formado em psicologia experimental, com doutorado em inteligência artificial, ele criou um método que, de forma autônoma, procura por certas propriedades em um conjunto de dados. Denominado máquina de Boltzmann, em alusão aos estudos em física estatística do austríaco Ludwig Eduard Boltzmann (1844-1906), esse tipo de rede neural forma a base da IA generativa.

A máquina de Boltzmann pode trabalhar com mais tipos de dados do que o modelo de Hopfield. Ela é de uso mais geral e pode também gerar novos dados a partir dos padrões que aprendeu a reconhecer. Além disso, Hinton trabalhou durante 10 anos, entre 2013 e 2023, como vice-presidente e _fellow_ do setor de engenharia do Google. Preferiu deixar a empresa no ano passado para ter mais liberdade de criticar os riscos envolvidos no emprego da inteligência artificial.

O físico britânico falou ao vivo com repórteres durante o anúncio do Nobel na Suécia. Previu um impacto sem precedentes para o emprego da IA. “Será algo como a revolução industrial. Mas, em vez de aumentar nossas capacidades físicas, ela vai exceder nossas capacidades intelectuais”, disse. Expressou, no entanto, o temor de que as máquinas possam se tornar mais inteligentes do que os seres humanos e sair da esfera de controle da humanidade.

Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/pioneiros-da-inteligencia-artificial-ganham-o-nobel-de-fisica/

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